'As caixas são pretas, outras muito coloridas, quando caem revelam um mundo. Um simples pedaço de quebra-cabeça perdido,restos de sonhos,escritos vazios,roupas que não me cabem mais, linhas , muitas linhas ...Me vejo amarrada, com as mãos nos olhos, olhos de vidro.Lá dentro tudo se parte, assim , aos pedaços como pratos caindo no chão.Encontrei um pedaço de mim. Desconheci.Renego, era feliz.Felicidade boba, dessas de comer chocolate e tomar coca-cola bem gelada.Felicidade de sentir.Não reconheço.Sinto tanto que seja assim...Ouvir a campainha tocar e doer , dor de morte.O que eu não quero que as pessoas vejam?O que eu não quero ver nas pessoas?Esse existir simples?Essa falta de dor , dor de nada?É isso?
corro, corro. cada vez mais pra dentro de mim.caminhos,escuro, luzes fortes. gritos.Não são de dor.Caixas caem ao meu redor, cheias de papéis velhos, cartas, fotos roubadas, brinquedos quebrados.restos de uma eu que não existe mais.Mudei tudo de um canto pra outro, revolução de araque.Antes essa eu cuspia fogo , hoje no máximo manda ir a merda.essa eu conta 1, 2. 3. e...A eu de hoje nem mudou de quarto, tá tudo mexido.Jogou uns papeizinhos fora , poucos.Mas que mudou, mudou.Tudo de lugar.E no meio dos papéis um pedaço de mim se foi.Talvez o que cuspia fogo.Sei lá...
Pouco antes de me perder olho meus muitos bichinhos no meio da casa, o porquinho rosa do computador, a lagartixa que passeia mansa no corredor escuro, os sapos do banheiro, as galinhas vivas do quintal e a tartaruga felipe que se esconde perto do fogão, a coelha nanda que me pede carinho e comida , eu sei que eles me entendem e sabem que vou me encontrar. Eu seu que eles enxergam o esforço enorme que faço pra ter uma existência qualquer.O esforço de levantar com um pouco de dignidade adquirida num sonho bom da noite pouco dormida.Eles são as minhas testemunhas da luta que travo comigo e comigo.Para atender ao telefone, para dizer sim, para ir aos lugares , para fazer coisas , para não me perder entre o quarto e a cozinha.
Pra ser forte , durante tanto tempo.Eles podem dizer o quanto eu tento, ninguém mais.
Como posso dizer que sou forte.
Posso dizer pra não me perder.
Mas, é estranho, porque se confunde Fraqueza com fragilidade , não sou fraca , estou frágil.
Não quero que ninguém me salve...
Tem razão, não se apegue a mim.
Eu posso quebrar , fraquejar e ai ?
Terá sido em vão... Sou uma guerreira de uma guerra perdida.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
(...)
ResponderExcluirGosto de andar nas ruas e comprar coisas
Que vão se arrumando em torno de mim.
Tenho muitas coisas, quero dizer, tenho muitas camadas.
Uma camada de livros outra de sapatos.
Tem a camada de plantas. E toalhas de rosto.
Tenho camadas de cosméticos e de adereços.
Uma camada de nomes e de coisas que vejo.
Tudo ordenado ao meu redor. Em forma de corpo.
Um corpo que me sustenta quando o meu próprio me falta.(...)
(...)Descanso recostada nas paredes da casa
Que me guardam como um abraço.
Me abraço quando me derramo na sala.
E na cozinha. Em geral adormeço no quarto.
Tudo em minha casa tem existência.
Todas as coisas significo.
Com os olhos. Ou com as mãos.
Minha casa tem silêncios
Que ás vezes ouço. Em meu corpo
Tem silêncios maiores ainda.
Que às vezes ouço. E faço poemas.
Faço poemas dos silêncios que ouço.
silvia esse é um trecho do poema DESATO de viviane Mosé...pensei tanto nele ao ler seu texto. Depois tenta ler ele todo( eu não coloquei pq não sei se cabe!!) Que essa guerra possa ser suportável, não sei se é pra ser ganha, e não sei se ela já esta perdida... Sinto só que é preciso continuar!
Beijos Tayana Tavares